Gestores da idade da pedra

Ainda há quem administra uma empresa como se estivesse na Idade da Pedra, principalmente quando de se trata de dar ordens, tomar decisões, comunicar ou estabelecer padrões de processos ou de comportamento dentro da Organização. É frequente, mais do que necessário, e muito mais do que gostaríamos, ouvirmos frases do tipo: "Aqui quem manda sou eu", "Se não gostou pode ir embora", "A porta da rua é serventia da casa", "A partir de hoje fica proibido...", e outras frases que caracterizam os gestores da Idade da Pedra que, infelizmente, ainda existem nas empresas por aí, resistindo às mudanças, ignorando a nova ordem das relações interpessoais nos ambientes de trabalho e dando de ombros às vantagens de se trabalhar em ambientes cujo clima interno favoreça e incentive o comprometimento do colaborador com  a empresa e o seu engajamento com os objetivos, metas e estratégias empresariais.

Observamos que nas Organizações em que estas frases e outras similares fazem parte do vocabulário dos gestores nos relacionamentos com seus colaboradores, estes despendem grande dose de energia preparando defesas, procurando desculpas, simulando situações e, por que não dizer, procuram manter-se constantemente ocupados para não terem que assumir novas tarefas, novos desafios, apresentando, como consequência, baixa produtividade e qualidade em seus trabalhos, resultados aquém das expectativas e nenhum comprometimento com a empresa.

Mudanças nas formas de se realizarem negócios estão demandando novas posturas dos gestores, tornando-os responsáveis pela criação, manutenção e melhoria do clima organizacional interno que atua como o grande fio condutor dos relacionamentos construtivos e facilitadores das melhorias de processos, ganhos de produtividade e consequentemente dos resultados alcançados.

É no ambiente organizacional interno, que eu também denomino de ambiente organizacional psicológico que reside boa parte dos motivos pelos quais um colaborador se desliga da empresa ou não. Quantas vezes nós nos surpreendemos por alguém dizer que não tem interesse em mudar de emprego, nem mesmo por um salário maior; pois, ali onde ele trabalha se sente bem, é bem tratado, o clima é bom e as pessoas convivem em harmonia. Por outro lado, quantas vezes também ouvimos pessoas afirmando que, se pudessem, mudariam de emprego, até mesmo por um salário menor, por causa do ambiente interno reinante em seu emprego atual.

São nestes ambientes psicológicos negativos que atuam os Gestores da Idade da Pedra, que ainda não entenderam que o modelo de gestão de pessoas mudou, já não é mais o modelo típico das antigas relações "chefia x subordinado", mas, evoluiu para um novo modelo em que predominam as relações entre "líder e liderados", em que o líder exerce um efetivo e valioso papel de servidor, catalizador, orientador, e, principalmente, se torna o responsável pela criação de um ambiente organizacional favorável, motivador que faz com que seus colaboradores sintam gosto de trabalhar naquela empresa, trabalhar consigo e sintam vontade de voltar no dia seguinte.

Entendemos que um dos desafios mais prementes para os Gestores da Idade da Pedra é o de evoluírem para Gestores do Século XXI e assumirem o seu papel de lideres e suas responsabilidades de promoverem as mudanças necessárias nos ambientes internos organizacionais para que seus colaboradores recuperem o brilho nos olhos, aquele brilho que só as pessoas motivadas e comprometidas possuem.
Exatamente aquelas que mergulham de corpo e alma no seu trabalho, que se entregam aos desafios diários como se a Organização em que trabalha fosse sua, agindo como verdadeiros intraempreendedores; pois, um colaborador motivado, produz mais e melhor, para si mesmo e para a Organização em que atua.
SP/01/05/2012
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Perfil do Autor

Sou Mestre em Administração de Empresas (Metodista, 1985, Pequenas e Médias Empresas), Pós-Graduado em Análise de Sistemas (FAAP, 1978), Sistemas de Informações (Mauá, 1979) e em Administração Financeira (Fecap, 1981) e Graduado em Administração (USP, 1974), com experiência profissional de 44 anos, tendo ocupado cargos técnicos e executivos nas áreas de Organização, Sistemas e Tecnologia da Informação em diversas empresas.
Há 26 anos atuo como Consultor Empresarial nos mais diferentes tipos e portes de Organizações participando de projetos nas áreas de Tecnologia da Informação, Recursos Humanos, Organização, Sistemas e Métodos, Organização e Planejamento Empresarial, Mapeamento de Processos, Sustentabilidade, Qualidade (Total e ISO 9000) e Produtividade.
Neste período, prestei serviços de consultoria e/ou treinamento para quase 70 diferentes Empresas e Organizações, públicas ou privadas, dos ramos: indústria, comércio, serviços e educação superior, como contratado direto ou mediante parcerias e subcontratações.
 Atuo na área educacional há mais de trinta e dois anos, tendo acumulado experiência como Docente e Coordenador em cursos superiores de graduação e docente em cursos de pós-graduação em Instituições de Ensino Superior de São Paulo, Bahia e Espírito Santo e Instrutor em Cursos de Capacitação e Desenvolvimento Profissional, lecionando em Universidades Corporativas e Entidades de Ensino Livre em diversos Estados do País.
Nos últimos anos, elaborei e ministrei cursos livres em diversas entidades de ensino livre e Universidades Corporativas em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Curitiba, Salvador, Joinville (SC) e Vitória (ES).
Atuo, também, como Palestrante e possuo artigos publicados sobre gestão de mudanças, de empresas e  de pessoas, em jornais, revistas e sites da Internet.
No exercício do voluntariado fui examinador do Prêmio Nacional da Qualidade (1996) e sou atualmente avaliador do Prêmio Gestão Banas (2008, 2009, 2010 e 2011) e do Prêmio PBQP-H (2010).
Sou membro do GEES - Grupo de Excelência de Ética e Sustentabilidade, do CRA/SP.

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